Este dossiê é um convite a pensar os processos educacionais em tempos de pandemia a partir de uma perspectiva latino-americana. Reúne textos de acadêmicos da Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, México e Uruguai. Eles proporcionam uma leitura abrangente sobre a experiência inédita de ir à escola por meio de histórias, imagens e estratégias implantadas por atores e instituições.
Uma característica dos sistemas educacionais latino-americanos é a desigualdade que se agravou com a pandemia. A desigualdade torna impossível o direito humano a uma vida digna e a uma educação emancipatória. Os efeitos são percebidos através de dados objetivos e estatísticos de injustiça aos quais se somam as condições simbólicas: perda de escolaridade, rompimento do vínculo social, afastamento social do confinamento, situações cotidianas de violência, superlotação de domicílios, pobreza e exclusão.
Os ensaios contêm reflexões teóricas, interpretação de resultados de pesquisas, análise de políticas públicas, documentação de experiências, imagens, narrativas e memórias pedagógicas que possibilitam questionamentos e propostas sobre a educação em uma pandemia e um exercício de imaginação do que está por virá. Considerando que os atores da comunidade educativa são de certa forma sobreviventes, é necessário reconstruir os tecidos institucionais para ajudar a reparar as feridas sociais. As experiências subjetivas e a trama socioafetiva, em particular o sofrimento social, constituem eixos centrais para a interpretação do cotidiano em direção à construção de uma pedagogia do trauma e da esperança.
Coordenadoras
Nilda Alves y Carina V. Kaplan